DEPENDÊNCIA QUÍMICA

 

A Dependência Química se caracteriza  por acionar o sistema de recompensa  cerebral, essa área é encarregada de receber estímulos de prazer e enviá-los para o corpo todo. Isso se aplica a todos o tipos de prazer –  sabores da alimentação, emoções gratificantes, aquisição de bens, sexo. Esse campo cerebral é extremamente importante para a preservação da raça humana.

No processo de evolução, o homem criou essa área de recompensa e é nessa área que as drogas atuam. Por uma espécie de curto circuito, elas provocam uma ilusão química de prazer que induz a pessoa a repetir o uso das drogas de maneira compulsiva. Com a repetição todos os demais prazeres perdem o significado, só interessa aquele imediato propiciado pela droga.

A pessoa (dependente químico) passa a dar preferência ao prazer imediato, mesmo que isso atrapalhe e comprometa todo o resto de sua vida., tanto social, profissional, pessoal e afetiva. Para a pessoa que está de fora fica difícil entender como o dependente de cocaína, maconha, álcool ou de crack, mesmo com a saúde debilitada não abandona a droga. Isso ocorre por conta de uma disfunção cerebral. A atenção do dependente de drogas se volta para o prazer imediato propiciado pelo uso de substâncias psicoativas, fazendo com que todas as demais fontes de prazer percam o significado.

O sistema de prazer é muito primitivo. É tão importante para os pequenos animais quanto para os seres humanos. A droga produz efeito muito intenso porque age nesses mecanismos biológicos bastante primitivos.

Estamos cada vez mais valorizando esse tipo de mecanismo. A droga é um fenômeno psicossocial amplo e complexo, mas que acaba interferindo nesse mecanismo biológico.
 A maioria das pessoas bebe com moderação, mas algumas fazem uso abusivo do álcool. Há quem fume maconha ou use cocaína esporadicamente, mas existem os que fumam crack o dia inteiro.  O que explica essa diferença está na tendência ao uso crônico e na história de cada pessoa. Quando começou a usar? Como interpreta os sintomas da síndrome de abstinência? Além disso, o que vai fazer com que repita a experiência não é só a busca do prazer, mas a tentativa de evitar o desprazer que a ausência da droga produz.
 
 O dependente, por exemplo, pela manhã já manifesta sintomas da abstinência. Fica irritado e sua capacidade de concentração baixa. Ele usa a droga de escolha e o desconforto diminui. Pouco depois, o prazer causado pela droga desaparece no cérebro e os sintomas de desconforto e abstinência voltam, é neste momento que a área de recompensa é acionada e ele busca novamente uma nova dose da droga seja ela qual for. Este mecanismo se repete sem dar chance de escolha ao usuário. Ele continua usando sem parar.

A dependência é resultado, então, do mecanismo psicológico que a um só tempo induz o dependente a buscar o prazer e evitar o desprazer, e fruto das alterações cerebrais que a droga provoca. Essa interação entre aspectos psicológicos e efeito farmacológico vai determinar o perfil dos sintomas de abstinência de cada pessoa. A compulsão é menor naquelas que toleram a abstinência um pouco mais, e maior nas que a inquietação é intensa diante do menor sinal da síndrome de abstinência.

Resumindo: ficar longe da droga, quando se está disposto a abandoná-la, faz parte do processo de aprendizado. No exato instante em que a pessoa vê a droga, seu cérebro começa a preparar-se para recebê-la e dispara um mecanismo que chamamos fissura. Isso vale para qualquer droga. Depois que ficou dependente, é quase impossível alguém ver a droga e resistir ao desejo de usá-la. Por isso, em todas as fases do tratamento, aconselha-se que o usuário se afaste completamente de todos esses estímulos, pois ficará menos difícil lidar com o fenômeno da dependência química.
 
Nesses casos, a internação em uma clínica de reabilitação se faz necessária para que o ciclo consumo/abstinência seja quebrado. O processo de desintoxicação deve se desenrolar em um ambiente seguro e preparado, onde o dependente esteja amparado por médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais que irão auxiliar no tratamento do usuário. 
 
 
 
ÁLCOOLISMO
 
Alcoolismo, uma doença crônica, com características comportamentais, sociais e econômicas caracterizada pelo uso compulsivo de álcool na qual o usuário se torna gradativamente insensível à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sintomas de abstinência, quando o álcool é retirado.
 
O ambiente é fator importante no alcoolismo, mas há evidências claras de que alguns fatores genéticos aumentam o risco de contrair a dependência do álcool.
 
O alcoolismo tende a ocorrer com mais frequência em pessoas com pais que tenham tido a doença.

Pesquisas mostram que adolescentes filhos de pais alcoólicos, têm mais resistência aos efeitos do álcool do que jovens da mesma idade, cujos pais não usam o álcool de maneira compulsiva.

Um grande número de filhos de alcoólicos se recusam a beber devido o exemplo negativo dos pais. Esta pesquisa mostra também que determinado número de filhos de alcoólicos que são acompanhados durante anos acabam com o tempo abandonando os valores éticos iniciais e se tornando também dependentes do álcool.

Filhos biológicos de pais alcoólicos criados por famílias adotivas têm mais dificuldade de largar a bebida do que alcoólicos que não têm história familiar de abuso da droga.

Os sintomas da intoxicação aguda variam de pessoa para pessoa: algumas apresentam euforia, perdem a inibição social e adquirem comportamento expansivo, outras apresentam comportamento emotivo exagerado e muitas delas ficam irritadas, agressivas e até violentas.

Ao contrário das pessoas que ficam eufóricas e  que perdem a inibição, existem aquelas que ficam sonolentas e entorpecidas.Segundo estudos essas pessoas quase nunca desenvolvem a dependência do álcool.
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Com o aumento da concentração do álcool na corrente sanguínea, a função do cérebro começa a mostrar sinais de deterioração, provocando desequilíbrio, alteração na capacidade de raciocinar, dificuldade no falar, perda do equilíbrio, movimentos lentos ou irregulares dos olhos, visão e alteração nos batimentos cardíacos. O pensamento fica desconexo e a percepção da realidade se desorganiza.

Se o consumo ainda continuar, surgem: lentidão, redução dos batimentos cardíacos, queda da pressão arterial, comprometimento respiratório e vômitos, que podem ser aspirados e chegar aos pulmões, provocar pneumonia e outros efeitos colaterais perigosos chegando até o óbito.

Praticamente o fígado é responsável por mais de 90% do metabolismo. O restante é eliminado pelos rins, pulmões e pele.

Diversos estudos demonstraram que as pessoas capazes de resistir ao efeito embriagante do álcool, estatisticamente, apresentam maior tendência a tornarem-se dependentes.
O álcool é uma droga da classe depressora do Sistema Nervoso Central. Para contrabalançar esse efeito, o cérebro do usuário crônico aumenta a atividade de certos circuitos de neurônios que se opõem à ação depressiva. Quando a droga é retirada de maneira abrupta, depois de longo período de uso, esses circuitos estimulatórios não encontram mais a ação depressora para equilibrá-los e surge, então, a síndrome de hiperexcitabilidade característica da abstinência. Os sintomas mais frequentes são: tremores. distúrbios da percepção, convulsões e delirium tremens.

Quando a internação se faz necessária é imprescindível que a clínica de reabilitação possua estrutura e profissionais preparados para oferecer o suporte necessário ao tratamento do dependente.

Uma das características mais marcantes do alcoolismo é a negação de sua existência por parte do dependente. Poucos reconhecem o uso abusivo de bebidas, passo considerado essencial para livrarem-se da dependência.

As recomendações atuais para tratamento do alcoolismo, envolvem duas etapas: 

a) Desintoxicação – realizada por alguns dias sob orientação médica, permite combater os efeitos agudos da retirada abrupta do álcool. Dados os altíssimos índices de recaídas, no entanto, o alcoolismo não é doença a ser tratada exclusivamente no campo da medicina.

b) Reabilitação – Alcoólicos anônimos – Controlados os sintomas agudos da crise de abstinência, os pacientes devem ser encaminhados para programas de reabilitação, cujo objetivo é ajudá-los a viver sem o uso do álcool.